A música nas peças de Jean-Pierre Martinez

Jean-Pierre Martinez começou como baterista nos anos 80, tocando em diversos grupos como Les Rebelles (chanson francesa), Expérience (jazz-rock) e Mami Wata (soul africana). Deu inúmeros concertos na região parisiense ao lado de bandas populares da época, como Blessed Virgins.

A música ocupa um lugar essencial nas suas peças, não como um simples ornamento, mas como um elemento estruturante da trama. Algumas músicas inspiram diretamente o tema das peças (Les Passantes de Brassens ou Je suis de celles de Bénabar). Mais frequentemente ainda, as músicas servem como um recurso humorístico ou um contraponto irônico ao texto teatral. Este conjunto de referências musicais é também uma forma de homenagem à chanson francesa, particularmente à música popular, como veículo de uma mensagem e testemunho de uma época.

1. A música no centro da trama

Em Nem sempre a música amansa as feras, um concerto de música clássica é o ponto de partida da história. A família Trompete, tentando integrar-se na alta sociedade de Casteladrão, organiza um concerto com jantar. Mas a cabeça do pianista aparece a flutuar na piscina. Esta farsa subverte com humor a visão aristocrática e elitista da música clássica.

2. Personagens artistas

  • A icônica cantora Mireille Mathieu está no centro da comédia alucinada Há um piloto a bordo ?
  • Em Os Rebeldes, uma comédia agridoce, são traçados os retratos tragicômicos de personagens unidos na juventude pela música, mas cujos sonhos desapareceram.
  • Em O genro ideal, o personagem principal é um músico que abandonou a sua noiva para sair em turnê.
  • Outros artistas frustrados povoam as peças de Jean-Pierre Martinez, sejam atores (Cara ou coroa) ou dramaturgos (No fim da linha, Plágio).

3. Músicas que inspiraram peças

Algumas peças tomam inspiração direta de músicas:

4. Músicas que criam atmosfera

Algumas músicas estabelecem o tom:

  • Cultura queer em Happy Hour: Dalida (Besame Besame, Il venait d’avoir 18 ans, J’attendrai),  Charles Aznavour (Comme ils disent).

  • Frustrações artísticas em Cara ou coroa: Charles Aznavour (La Bohème, J’me voyais déjà).

  • Liberdade dos anos 60: San Francisco de Maxime Le Forestier em A janela em frente.

  • Ambiente de rua: Bancs publics de Georges Brassens em Breves de paco.

  • Poesia macabra: Rien de Brigitte Fontaine em Plágio e Réveillon na morgue: «Uma mulher que morre continua feminina?»

5. Músicas que definem personagens

  • Em Quatro estrelas, Jonathan canta Porco aranha (The Simpsons), enquanto Jéssica entoa Johnny, envoie-moi au ciel… (Boris Vian).

  • Em Happy Dogs, um adolescente sombrio é associado a Psycho Killer (Talking Heads).

  • Brigitte em De volta aos palcos canta My heart belongs to Daddy (Marilyn Monroe).

6. A música como recurso humorístico

Evocações humorísticas de lugares:

  • Vestiários em Fora de jogo: Les Garçons dans les vestiaires (Clarika).

  • Bélgica em O aquário: Ne me quitte pas, Le Plat pays, Bruxelles (Jacques Brel).

  • Camarga em Os flamingos azuis: Pour moi la vie va commencer (Johnny Hallyday).

Contrapontos irônicos:

Paródias:

Conclusão

O universo musical de Jean-Pierre Martinez enriquece suas peças. Em muitos países, os diretores incorporam essas referências francesas e adicionam outras de sua própria cultura. Na República Tcheca, Réveillon na morgue incluiu músicas de France Gall e Brigitte Fontaine.

Essa conexão entre texto e música levou à adaptação de Sexta-feira 13 como comédia musical em Madri.

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