Sem ser filósofo e sem se deitar no divã de um psicólogo, em nossos momentos de lazer ou durante nossas noites de insónia, cada um de nós questiona o sentido da vida. Pelo menos o sentido da sua própria vida. Dessa forma, nos confrontamos com pequenas perguntas sem grandes respostas. Ou mesmo grandes perguntas sem sequer um vislumbre de resposta. A menos que a rotina diária de repente descarrile e nos atire, com vertigem, à beira do abismo insondável do sentido. Um fundo tormentoso pode então emergir à superfície, revelando-se como um monstro marinho, um sentido proibido... que constitui a essência trágico-cómica de nossas existências cotidianas. Uma descida cómica às profundezas de nossas vidas superficiais...
A novela não é apenas um romance curto, é um gênero literário por si só, com regras próprias. Todo o interesse da novela reside, na verdade, na arte do desfecho. Um desfecho que deve ser imprevisível e, por isso, surpreendente. Se na novela a narrativa se orienta para um final que o leitor, cativado pelo suspense, anseia descobrir, tudo na narração é elaborado para desviar a atenção de um desfecho que, por mais imprevisível que seja, permanece implacavelmente lógico. Claro, era isso! É o que exclama o leitor ao terminar uma novela bem construída e bem conduzida. Tudo estava lá e, no entanto, graças à habilidade do narrador, não percebi nada.
Um homem que perdeu seus documentos devido a um mal-entendido investiga para recuperar sua identidade antes de se resignar a se tornar outra pessoa. Entre romance policial e fantasia. Um breve conto em primeira pessoa, tragicamente engraçado, que também pode ser apresentado como um monólogo teatral.