Escrever a sua vida de Jean-Pierre Martinez
Escrever a sua vida… Para começar, é preciso esclarecer qualquer mal-entendido. Este livro não é um manual para aprender a transformar uma vida comum em um relato apaixonante. Tampouco é um método para saber como dar mais emoção à existência, com o objetivo de ter algo para contar aos netos algum dia. É, simplesmente, uma autobiografia, ou mais exatamente, uma autoficção, já que relatar a própria vida é, no mínimo, revisitar, e até reinventá-la. Um dia, tomava café com um vizinho e comecei a contar-lhe um episódio da minha vida. Ele me olhou com os olhos bem abertos e, após algum tempo, sabendo que sou escritor, interrompeu-me: “Mas é verdade o que estás a contar-me, ou estás a inventar à medida que vais contando?” Confesso que, por um breve instante, eu próprio tive minhas dúvidas. Claro, todos os escritores são mentirosos, mas também às vezes mentem de verdade, para retomar a fórmula de Aragon. Isso foi o que me decidiu a escrever este livro. Sim, este relato está escrito em primeira pessoa, para contar a minha verdade. Toda a minha verdade? Nada além da minha verdade? Não juraria. Acontece que sou escritor. Conto neste livro como cheguei até aqui, sem me apresentar como um exemplo a seguir para quem queira se tornar autor também. Escrever a própria vida é, antes de tudo, reivindicar essa parte de liberdade que só a sensação de estar vivo proporciona. Conquistei a minha liberdade através da escrita, que também é uma forma de libertação. Mas pode-se escrever a vida de muitas maneiras, com atos mais do que com palavras. Aqui está como tentei escrever a minha. Escolhendo de preferência, como o viajante de Robert Frost, os caminhos menos transitados.
A palavra do autor
Um dia estava tomando um café com um vizinho e comecei a contar-lhe um episódio da minha vida. Ele me olhou com os olhos bem abertos e, depois de um tempo, sabendo que sou escritor, me interrompeu: Mas é verdade o que você está me dizendo ou está inventando tudo isso na hora? Confesso que por um breve instante, eu mesmo tive minhas dúvidas. Claro, todos os escritores são mentirosos, mas às vezes também dizem a verdade, retomando a fórmula de Aragon. Isso foi o que me decidiu a redigir este livro.
Sim, este relato está escrito em primeira pessoa, para dizer a minha verdade. Toda a minha verdade? Nada além da minha verdade? Não o juraria. Acontece que sou escritor. Neste livro, conto como cheguei até aqui, sem me apresentar como um exemplo a ser seguido por quem quer que deseje se tornar autor também.
Escrever sobre a própria vida é, antes de tudo, reivindicar essa parte de liberdade que só proporciona a sensação de estar vivo. Conquistei minha liberdade através da escrita, que também é uma forma de libertação. Mas se pode escrever sobre a vida de muitas maneiras, com atos em vez de palavras. Assim é como tentei escrever a minha. Escolhendo preferencialmente, como o viajante de Robert Frost, os caminhos menos frequentados.